Pelo segundo ano consecutivo, o desmatamento na Mata Atlântica apresentou redução, segundo levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Em 2024, foram perdidos 14.366 hectares de florestas maduras — diminuição de apenas 2% em comparação a 2023. Contudo, ao incluir áreas menores e vegetações em estágio de regeneração, o sistema MapBiomas SAD identificou um total de 71.109 hectares desmatados, o que representa um recuo mais expressivo, de 14%.
Te podría interesar
A Bahia lidera o ranking do desmatamento no bioma, com mais de 23 mil hectares destruídos. Embora tenha havido uma retração geral de 37%, o estado registrou um salto preocupante de 92% na derrubada de matas maduras. Já o Piauí viu o desmate crescer 44%, ultrapassando a marca de 26 mil hectares.
Em contrapartida, o Paraná apresentou sinais positivos, com uma redução de 64% na eliminação de florestas primárias. O Rio Grande do Sul perdeu pouco mais de três mil hectares, parte afetada pelas fortes enchentes que atingiram a região.
Te podría interesar
LEIA TAMBÉM: A fruta mais consumida do mundo, ameaçada pela crise climática
Nem mesmo as áreas legalmente protegidas escaparam da destruição. Unidades de conservação em São Paulo e no Rio de Janeiro foram danificadas por eventos climáticos extremos como chuvas intensas e deslizamentos. Em Minas Gerais, matas nativas continuam a ser transformadas em lavouras e pastagens, muitas vezes sob a justificativa de manejos ambientalmente “sustentáveis”.
Para Luís Fernando Guedes Pinto, diretor da SOS Mata Atlântica, o problema ultrapassa a questão ambiental e envolve riscos diretos para cidades, economias e vidas humanas. Ele reforça que, sem frear o desmate e avançar com programas de restauração florestal, o país estará cada vez mais vulnerável a desastres ambientais.
O setor agropecuário continua sendo o principal vetor da destruição, respondendo por mais de 90% do desmatamento no bioma. Guedes Pinto alerta que propriedades privadas seguem substituindo florestas por cultivos e pastos, muitas vezes com apoio indireto de instituições financeiras, que concedem crédito sem a devida fiscalização.
LEIA TAMBÉM: As 100 propostas da CNMA para enfrentamento da crise climática