GUERRA TOTAL

Jornalista iraniano defende reação: “Contenção só aumentou a agressão”

Jafar Yousefi critica política expansionista de Tel Aviv e alerta para riscos de nova guerra no Oriente Médio

Imagens do ataque de Israel ao Irã, cedidas pelo jornalista iraniano Jafar Yousefi
Imagens do ataque de Israel ao Irã, cedidas pelo jornalista iraniano Jafar YousefiCréditos: Reprodução/SNN/Erfan Bagheri
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O jornalista iraniano Jafar Yousefi divulgou um forte relato sobre o clima de tensão no Irã após os ataques de Israel na madrugada desta sexta-feira (13), que mataram integrantes do alto comando militar do país. Segundo ele, apesar dos esforços do governo iraniano para evitar uma escalada desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, a contenção apenas encorajou ações mais agressivas por parte de Israel.

“Desde 7 de outubro, o Irã passou mais de um ano tentando acalmar as tensões na região e evitar a eclosão de uma guerra. Mas a contenção iraniana apenas encorajou Israel. Desta vez, o Irã certamente dará uma resposta firme e dissuasiva”, escreveu Yousefi nas redes sociais.

Em sua avaliação, a ofensiva israelense contra alvos de alta patente iraniana exige uma retaliação contundente. “Pessoalmente, sou contra qualquer tipo de guerra, mas, dada a situação atual, se não revidarmos duramente contra Israel, eles só aumentarão ainda mais sua agressão”, revelou.

Yousefi também destacou que, apesar das perdas, o país permanece sob a liderança de aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã. Para o jornalista, a fé, a racionalidade e a experiência do líder serão determinantes no enfrentamento do momento.

“O Irã testemunhou avanços imprevisíveis muitas vezes em crises históricas e, desta vez, ainda que de forma opressiva, surpreenderá o mundo novamente, com poder e confiança no povo e na sabedoria da liderança, se Deus quiser.”

As declarações de Yousefi refletem o sentimento de grande parte da sociedade iraniana, que vê nos ataques uma provocação direta e perigosa.

O governo iraniano, até o momento, não anunciou oficialmente quais serão as medidas de resposta, mas prometeu consequências.

Como tudo começou?

Desde o início da ofensiva israelense à Teerã na madrugada desta sexta-feira (13/6), justificada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e pelo general porta-voz das forças militares Effie Defrin como uma forma de frear a corrida nuclear no Oriente Médio, foram feitos ataques a instalações nucleares e bases militares iranianas, e os confrontos deixaram um saldo significativo de vítimas. Em resposta, na tarde desta sexta-feira (13), o Irã coordenou uma contraofensiva ao ataque israelense, que ultrapassou o domo de ferro e atingiu diversos pontos de Tel Aviv, de acordo com relatos da imprensa iraniana.

Dados da agência estatal Fars indicam que pelo menos 78 pessoas foram mortas e cerca de 329 ficaram feridas em Teerã e arredores. Outras fontes, como a Anadolu, apontam que o número de mortos chegou a 86 e os feridos a 341. Houve uma ofensiva iraniana com contra-ataques por meio de mísseis, resultando em mais de 22 feridos em solo israelense. Estimativas apontam entre 78 a 104 mortos e entre 329 a 376 feridos no lado iraniano, com dezenas de civis afetados também em Israel.

Após os ataques iniciais, Israel declarou estado de emergência. Além disso, emissoras israelenses afirmaram que toda a cúpula militar iraniana foi morta nos primeiros ataques, no que a defesa iraniana respondeu, em mensagem publicada nas redes sociais:

“Lembre-se, nós não iniciamos esta guerra”, publicou a defesa irianiana na madrugada desta sexta-feira (13).

Brasileiros no meio do conflito

Duas delegações brasileiras estão em Israel à convite do governo, de acordo com a Embaixada de Israel no Brasil. São, ao todo, 25 políticos – com 10 deles já confirmados como em segurança pela imprensa.

Por conta da escalada de tensões no Oriente Médio, o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Itamaraty, emitiu um alerta consular nesta sexta-feira (13/6), e recomendou que brasileiros não viagem à Israel, Jordânia, Iraque, Irã, Líbano, Palestina e Síria.

Há, ainda recomendações para os brasileiros que já se encontram nessas regiões, veja:

  • Acompanhar os sites e mídias sociais das embaixadas brasileiras na região e seguir suas orientações;
  • Seguir as recomendações de segurança das autoridades locais;
  • Evitar multidões e protestos;
  • Monitorar a mídia local;
  • Não deixar seus locais de residência sem se certificarem de que as condições de segurança o permitem;
  • Caso seu voo tenha sido cancelado, procurar a companhia aérea para remarcação dos bilhetes; e
  • Verificar se seus documentos de viagem estão em dia e com ao menos seis (6) meses de validade.

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