Em fevereiro deste ano, conforme noticiou a Reuters, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse aos funcionários de uma fábrica nos Urais que as famílias deveriam ter no mínimo dois filhos se quisessem "preservar suas identidades".
"Se quisermos sobreviver como um grupo étnico — ou como grupos étnicos habitando a Rússia —, deve haver pelo menos dois filhos [por família]", teria dito Putin. Com um filho por família, é provável que a população russa seja drasticamente reduzida; e, se o país quiser crescer e se desenvolver, o mínimo para cada família seriam três filhos.
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Para Putin, portanto, a conta fecharia assim: dois filhos para sobreviver como grupo étnico; três filhos para crescer enquanto país.
Agora, o parlamento russo está trabalhando em medidas culturais de incentivo ao aumento familiar e em punições para propagandas de "ideologia ocidental", como define o governo, que desincentivem a reprodução e compartilhem do movimento "child free" (anti-filhos, em linguagem adaptada).
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De acordo com Vyacheslav Volodin, um dos representantes da Duma, a câmara baixa do parlamento russo (composta por 450 deputados do legislativo), os parlamentares do país examinam uma legislação que deve mirar a propaganda anti-filhos em veículos de comunicação e produções culturais — em filmes, na internet, em produtos de publicidade etc.
Essa propaganda, que incentivaria "uma recusa consciente à reprodução", representa uma ameaça tanto aos valores familiares tradicionais como à saúde do Estado russo — à sua capacidade de expansão, desenvolvimento produtivo e, com a guerra da Ucrânia em curso, que recrutou centenas de milhares de soldados no outono russo, também à defesa do país.
Relatórios oficiais do governo já mostram uma redução nas taxas de natalidade, enquanto as de mortalidade continuam a subir.
Volodin ainda disse que a legislação em análise pelo parlamento quer estabelecer multas de até US$53.763 para companhias privadas que compartilharem essa espécie de propaganda (para os indivíduos, as multas iriam até US$4.300; e, para oficiais do Estado, até US$8.602).
Críticos ao governo dizem que a legislação é "sem fundamento", e que não existe um movimento anti-filhos em curso no país; para setores mais liberais, a decisão de ter ou não filhos pertence às famílias e não deve ser influenciada.
O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, disse à imprensa que a Rússia precisa de iniciativas para incentivar a retomada da natalidade, que seria uma das prioridades do país no momento.