A influenciadora Cíntia Chagas, que ganhou popularidade por defender valores medievais nas relações de gênero — veja abaixo — denunciou o seu ex-marido, o deputado estadual bolsonarista Lucas Bove (PL-SP), por violência doméstica. Eles estão separados desde o dia 13 de agosto.
Quando anunciou o seu divórcio de Lucas Bove, Cíntia Chagas alegou "divergências em seus objetivos de vida". No entanto, de acordo com informações do jornalista Leo Dias, o motivo do divórcio foi violência doméstica, conforme consta em B.O. registrado pela influenciadora.
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O jornalista Leo Dias teve acesso ao B.O. No documento, Cíntia Chagas diz que viveu um relacionamento abusivo com o deputado e que Lucas Bove é "possessivo, ciumento e controlador". A influenciadora, em seu depoimento, relata uma série de episódios de violência, e em um desses, o ex-marido atirou uma faca contra sua perna:
“Relata que em uma determinada manhã, acordou com fortes dores no ombro; que disse ao autor que iria ao pronto-socorro, tendo ele dito que, após o jantar, ele a acompanharia. Ela disse, logo após, que deixaria para ir no dia seguinte, ocasião em que o autor, nervoso, respondeu: ‘Sua idiota, você me fez jantar rápido e agora não vai?’ (sic)”, diz trecho do B.O.
“Conta que chegou em casa com dores e o braço apoiado numa tipóia e que o autor se aproximou e disse: ‘E aí, qual que é a frescura da vez? Não está doendo nada, você fica melhor maneira do que com os dois braços, nunca vi a cozinha tão limpa, parabéns’ (sic). Narra que, fragilizada, começou a chorar; nesse momento, o autor lhe disse: ‘Tá chorando por quê?’ (sic), ao que apenas respondeu: ‘Estou me sentindo sozinha’; e Lucas emendou dizendo: ‘Daqui pra frente vai ser assim’ (sic)”, diz outro trecho.
“Relata ainda que, durante uma discussão, o autor arremessou contra sua perna uma faca, a qual caiu no chão e bateu em sua perna, lesionando-a”, completa o trecho.
Em outro depoimento à polícia, Cíntia Chagas afirma que Lucas Bove apertava de maneira agressiva partes de seu corpo, tais como ombros, pernas e seios, e que isso deixava hematomas. Além das violências domésticas, Chagas também era vítima de agressões em locais públicos.
De acordo com o depoimento de Cíntia Chagas, ela foi alvo de violência física e psicológica durante um casamento com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
A violência, segundo Cíntia Chagas, começou quando o seu ex-marido, o deputado bolsonarista Lucas Bove, exigiu que ela tirasse fotos com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ela respondeu que o faria depois do jantar, mas ele não gostou da resposta, arrancou os talheres das mãos de Cíntia, a puxou da mesa e a arrastou até o local para tirar as fotos.
Posteriormente, Cíntia teve dificuldade para descer um barranco no local do casamento e foi humilhada por Lucas Bove: "Vai embora! Você não serve para nada", ao que ela respondeu: "Como eu vou embora? Nós estamos em uma fazenda". O ex-marido respondeu com violência e desdém: "Fod*-se! Chama um Uber, se vira e deixa minha carteira em cima da mesa".
Ao chegarem em casa, Lucas Bove ameaçou agredi-la: "Você é uma rameira e interesseira. Se eu tivesse mais dinheiro, você não faria isso comigo [...] Se você tomar banho, eu vou queimar todas as suas roupas. Se você entrar no quarto para dormir, eu vou colocar som alto. A gente vai se separar! Você só não vai apanhar agora porque você tem 6 milhões de seguidores", disse Lucas Bove.
No B.O. também consta que ela foi expulsa de casa pelo ex-marido, que antes arremessou uma garrafa de água em Cíntia. Segundo o portal Leo Dias, o pai de Lucas Bove foi contra a atitude dele: "São 3 meses de casado e você expulsa a mulher de casa? Você é igual a sua mãe! Gosta de conflito."
Após todas essas cenas de violência, Cíntia Chagas, por meio de uma mensagem, manifestou ao seu ex-marido a vontade de se separar: “As agressões, a sua necessidade de controlar o meu passo a passo, a faca que você atirou em mim, machucando-me, os beliscões, os hematomas na minha perna [...] Esses atos vão contra tudo o que nós pregamos [...] Que fechemos esse ciclo em paz."
Investigação
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que a 3ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) instaurou inquérito policial e solicitou medida protetiva após a denúncia da vítima, a influenciadora Cíntia Chagas.
"O caso foi registrado como violência doméstica, violência psicológica, injúria e perseguição. As investigações prosseguem sob sigilo judicial", declarou a SSP.
Por meio de suas redes sociais, o deputado estadual Lucas Bove ironizou as denúncias de Cintia Chagas ao publicar uma referência bíblica muito utilizada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro: João 8:32: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".
Influenciadora defende submissão das mulheres aos homens
A influenciadora ultraconservadora Cíntia Chagas causou revolta ao defender, em vídeo publicado em suas redes, que as mulheres devem ser submissas aos seus respectivos companheiros e que devem preparar o jantar para eles.
"A mulher precisa se submeter ao homem. Eu me refiro à ação de deixar o homem ser homem. Porque uma relação só se torna longeva e feliz quando a mulher assume o papel dela e o homem assume o papel dele", dispara a comunicadora.
Em seguida, Cíntia explica como o jantar deve ser servido para os homens. "Por exemplo, você que é casada, o jantar só pode ser servido depois que o seu marido, e não esposo, por favor, porque esposo é muito cafona [...] o horário da casa deve girar em torno dele", afirma a comunicadora.
O vídeo de Cíntia Chagas recebeu uma reação da comediante Giovana Fagundes, que detonou a postura submissa da influenciadora ultraconservadora e ainda colocou em dúvida se ela própria aplica em sua vida o que defende em suas publicações.
"Qual é a chance dessa mulher fazer a jantinha no horário que ele quer? Olha a cara dessa mulher, gente", ironiza Giovana Fagundes.
Confira abaixo a íntegra do vídeo:
Além do vídeo react de Giovana Fagundes, as declarações de Chagas também causaram revolta em outras mulheres nas redes. Confira algumas reações: